terça-feira, 17 de abril de 2012


De Reinaldo Lourenço a Bottega Veneta, que acaba de chegar a São Paulo, todos vivem o minuto sessentinha - ressuscitando cabelos bufantes, tubinhos e escarpins de salto médio, como mostra a atriz Flávia Alessandra. A pergunta é: estamos prontas para entrar no figurino Brigitte Bardot só para estar à la mode?


Vestido de crochê, Missoni, R$ 5 990, tel. (11) 3034 6469.

Anos atrás, quando Diane von Furstenberg voltava para o topo da moda, fui encontrá-la para uma entrevista. Ela havia se tornado a persona que, na infância, sonhava ser. Por causa do cabelão de pantera, escuro e solto, das sandálias de saltos altíssimos e da atitude destemida nos revolucionários anos 1970, a estilista nascida na Bélgica e transformada em grife nos Estados Unidos ganhou o apelido de Mulher Maravilha. E os braceletes de corrente e anéis de ouro, cristais e pavê de diamantes eram um reflexo dessa mulher que ia dominar o mundo a bordo de sua invenção máxima, de 1973: o wrap dress. O vestido cachecoeur nasceu de uma ideia simples: juntar duas peças - a blusa transpassada com a saia A, hit da década anterior - em uma única. Na vida real, fez muito mais. Sete anos depois de Yves Saint Laurent dar força às mulheres com o smoking, DVF tinha encontrado um jeito feminino de "vestir" poder. Com o wrap, os tubinhos circa 1963 eram o fim. Nenhuma mulher consciente e adepta da pílula anticoncepcional trocaria os vestidos de jérsei de seda, sexy e à prova de rugas (porque são atemporais e não amassam) para voltar no tempo de tailleurs bouclés, tubinhos e escarpins de salto médio e bico fino. A não ser que uma geração de estilistas tentasse convencê-las do contrário.

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